#4 O Anseio de Ter, o Tédio de Possuir e o arrependimento de perder.
"A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir." - Arthur Schopenhauer
Sabe aquela sensação de desejar algo com todas as forças? Você idealiza, sonha, planeja. Conta os dias. Cria mil e um cenários na cabeça. Aí, quando finalmente consegue… passa. A graça some, a empolgação evapora, e de repente aquilo que parecia tão incrível vira só mais uma coisa qualquer.
Por que isso acontece?
Eu penso nisso diariamente, tipo, a gente corre atrás, sofre, surta, sonha — e no fim, o que sobra? A satisfação dura muito pouco, e logo estamos lá, buscando o próximo objetivo, o próximo desejo, o próximo “agora vai”. É como se a melhor parte estivesse em conquistar, como se fosse um desafio entre você e sua própria mente: será que você vai conseguir ou não?
Talvez o problema esteja em confundir o desejo com a felicidade — seja um objetivo, uma expectativa, um relacionamento — quando conquistamos, toda aquela emoção se esvai. E aí, bate o tédio.
Me lembro nitidamente de todas as vezes que conquistei algo e deixei pra trás quando a adrelina passou. A sensação de só querer ter algo, mas não saber o que fazer quando o possui, é horrível.
Quando a Clarice Lispector disse: “Obcecado pelo desejo de ser feliz eu perdi a minha vida” e Schopenhauer afirmou que: “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir” ambos tocaram na mesma ideia: a vontade humana está sempre em busca de algo que está ausente, criando um sentimento constate de privação.
Muitas vezes, essa busca incessante nos leva a negligenciar a própria vida e nos desconectar do momento presente. Mesmo quando alcançamos o que desejamos, essa sensação de satisfação é temporária, nos levando a busca constante por mais. Isso destaca a importância da valorizar o agora e buscar nossos desejos de forma equilibrada, evitando uma vida marcada pela agústia constante.
Somos tão obcecados em achar um sentido pra vida, que esquecemos de vivê-la.
Mas é uma outra questão, quando perdemos esse algo — ou alguém —, mesmo que aquilo já estivesse se tornado entediante, sentimos um vazio, como se realmente gostassemos daquilo. Mas será que gostavamos mesmo? Ou só nos deixamos ser enganados pelo nosso próprio coração?
E assim, voltamos à estaca zero. Ficamos preso no mesmo ciclo vicioso de querer, conseguir, se entediar, perder… e desejar tudo de novo.